Este é mais um de meus artigos já publicados. Continua bastante atual dadas as peculiaridades da época em que estamos vivendo. Por isso, resolvi republicá-lo aqui para ajudar aqueles, que, porventura, possam estar enfrentando alguma espécie de esgotamento espiritual.
Esgotamento espiritual é uma expressão ainda pouco conhecida nos meios evangélicos. É provável, todavia, que você alguma vez já tenha ouvido algum tipo de referência ao tema. Apesar de seu recente aparecimento em nossa terminologia, as situações que a expressão nomeia remontam aos tempos bíblicos e estão presentes no dia-a-dia da vida cristã em escala cada vez mais crescente.
Com razão você deve estar se perguntando: O que vem a ser esgotamento espiritual? Que sintomas identificam a doença? Existem meios de tratá-la? É possível, inclusive, que em algum período de sua vida você a tenha experimentado, sem, no entanto, identificá-la desta forma. A rigor, não se trata simplesmente de desânimo ou coisa parecida que eventualmente afetem o nosso estado de espírito. Ë muito mais do que isso.
O esgotamento espiritual se assemelha ao estresse no seu estágio mais profundo e ambos têm vínculos estreitos porque situações de desgaste vividas ao nível da psique levam também ao esgotamento físico. O diagnóstico da doença é perceptível quando o crente chega a um ponto de saturação, onde a fé torna-se incrédula, as convicções cristãs esmorecem, o senso do valor da existência se desvanece, já não há mais interesse nos sólidos referenciais de outrora e a luz de Cristo que norteia a vida parece ter-se extinguido sem deixar qualquer esperança de renovação. É um quadro de total abandono ao predomínio da letargia.
Elias é o exemplo clássico de como o esgotamento espiritual não se restringe apenas aos chamados “fracos na fé”. Até os "mais fortes" estão sujeitos a enfrentá-lo. Após uma série de feitos notáveis em nome do Senhor dos Exércitos, a vida espiritual do profeta entrou em tão grande declínio que ele não hesitou em bater-se em retirada diante das ameaças da mulher de Acabe para isolar-se na solidão de sua fé na caverna da incredulidade, 1 Rs 19.1-18.
Davi, o homem segundo o coração de Deus, foi outro que andou às voltas com crises agudas de esgotamento espiritual. Boa parte dos salmos revela que o grande rei de Israel se curvou até os joelhos ante o peso de suas angústias existenciais. Em situações assim, a dúvida aflorava, seu espírito consumia-se e as perspectivas de Davi se estreitavam a ponto de lhe deixarem como única opção a morte. Este é o sentido dos abundantes recursos da linguagem poética empregados pelo salmista para descrever o seu estado de alma. Expressões como "ossos desconjuntados", "olhos consumidos pela mágoa", "coração que arde como lenha", "pardal solitário no telhado", "humor em sequidão de estio" e outras nada mais são do que sinais evidentes de esgotamento espiritual.
Diversas causas contribuem para manifestar-se este quadro. A primeira, não necessariamente nesta ordem, é o ativismo, que, em si mesmo, na conduz a nenhuma espiritualidade. É a primazia da ação sem saber-se exatamente o que e com que propósito. Trabalha-se tanto por nada e, ao fim, a alma acaba extenuada. Não estou querendo negar, jamais, a importância do envolvimento na obra de Deus, mas transformar as atividades eclesiásticas em alvo e não meio é escancarar as portas para o esgotamento espiritual.
Outra fonte para esta grave doença é a falta de cuidado em repor as energias espirituais despendidas nos afazeres cristãos. Há muitos que correm de um lado para o outro cumprindo o nobre e legítimo desejo de ser instrumentos nas mãos do Senhor para abençoar o povo. Cantam, pregam, ensinam, aconselham e vivem tão esbaforidos que não encontram mais espaço em sua agenda para outros compromissos... Nem para Deus e a família. Os que chegam a este ponto encontram-se a um passo do esgotamento espiritual, se já não chegaram lá.
Não convém esquecer, ainda, o legalismo como outra causa extremamente oportuna para que a enfermidade se instale. É quando o crente, sob a enorme pressão de achar-se espiritualmente marginalizado, obriga-se a lutar no âmbito de sua humanidade para cumprir determinados códigos de regras rígidas e unilaterais, com aparência de religiosidade, que nem o mais santo dos apóstolos suportaria. O mal se agrava com a tentativa de se quantificar a espiritualidade. Sob este raciocínio, mesmo que você tenha orado por três horas seguidas (isso não é regra, por favor!), se o seu companheiro ultrapassou-o em pelo menos mais cinco minutos, é provável que muitos o considerem mais espiritual do que você, ainda que tenha sido puro farisaísmo. Numa situação dessas não há como escapar: a busca pela excelência na vida cristã passa a ser uma competição de rivais mediante o esforço humano que debilita e leva ao esgotamento espiritual.
O melhor remédio contra qualquer doença é tomar medidas preventivas. Anote aí, portanto, algumas atitudes que ajudam a evitar o esgotamento espiritual ou a sair dele quando se encontra já instalado.
1. Não meça sua espiritualidade pela dos outros. Orar cinco minutos pode ter o mesmo valor de uma oração prolongada ou vice-versa. O que determina sua importância é o nível de intimidade com Deus. É a qualidade e o propósito do que se faz.
2. Não se apegue ao legalismo, nem o transforme em sua tábua de salvação. O ato de você depender exclusivamente da graça de Deus não significa liberdade para pecar, mas a certeza de que se houver cometido pecado ele está sempre pronto a perdoar, coisa que lei nenhuma é capaz de fazê-lo.
3. Não saia para os embates contra o inimigo, nem se disponha ao trabalho incessante sem a garantia de que está suprido de forças espirituais suficientes. Lembre-se que as virgens prudentes tinham também azeite de reserva para qualquer eventualidade. As outras perderam a oportunidade por não disporem de azeite suficiente para um tempo prolongado.
4. Se ainda assim, por algum razão, vier a ser acometido pelo esgotamento espiritual, faça como Davi, que não aceitou conservar sua alma na sepultura da desolação, mas buscou descanso nos braços do Altíssimo, Sl 30.1-3.
“Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade”, Sl 46.1 (NVI).
Esgotamento espiritual é uma expressão ainda pouco conhecida nos meios evangélicos. É provável, todavia, que você alguma vez já tenha ouvido algum tipo de referência ao tema. Apesar de seu recente aparecimento em nossa terminologia, as situações que a expressão nomeia remontam aos tempos bíblicos e estão presentes no dia-a-dia da vida cristã em escala cada vez mais crescente.
Com razão você deve estar se perguntando: O que vem a ser esgotamento espiritual? Que sintomas identificam a doença? Existem meios de tratá-la? É possível, inclusive, que em algum período de sua vida você a tenha experimentado, sem, no entanto, identificá-la desta forma. A rigor, não se trata simplesmente de desânimo ou coisa parecida que eventualmente afetem o nosso estado de espírito. Ë muito mais do que isso.
O esgotamento espiritual se assemelha ao estresse no seu estágio mais profundo e ambos têm vínculos estreitos porque situações de desgaste vividas ao nível da psique levam também ao esgotamento físico. O diagnóstico da doença é perceptível quando o crente chega a um ponto de saturação, onde a fé torna-se incrédula, as convicções cristãs esmorecem, o senso do valor da existência se desvanece, já não há mais interesse nos sólidos referenciais de outrora e a luz de Cristo que norteia a vida parece ter-se extinguido sem deixar qualquer esperança de renovação. É um quadro de total abandono ao predomínio da letargia.
Elias é o exemplo clássico de como o esgotamento espiritual não se restringe apenas aos chamados “fracos na fé”. Até os "mais fortes" estão sujeitos a enfrentá-lo. Após uma série de feitos notáveis em nome do Senhor dos Exércitos, a vida espiritual do profeta entrou em tão grande declínio que ele não hesitou em bater-se em retirada diante das ameaças da mulher de Acabe para isolar-se na solidão de sua fé na caverna da incredulidade, 1 Rs 19.1-18.
Davi, o homem segundo o coração de Deus, foi outro que andou às voltas com crises agudas de esgotamento espiritual. Boa parte dos salmos revela que o grande rei de Israel se curvou até os joelhos ante o peso de suas angústias existenciais. Em situações assim, a dúvida aflorava, seu espírito consumia-se e as perspectivas de Davi se estreitavam a ponto de lhe deixarem como única opção a morte. Este é o sentido dos abundantes recursos da linguagem poética empregados pelo salmista para descrever o seu estado de alma. Expressões como "ossos desconjuntados", "olhos consumidos pela mágoa", "coração que arde como lenha", "pardal solitário no telhado", "humor em sequidão de estio" e outras nada mais são do que sinais evidentes de esgotamento espiritual.
Diversas causas contribuem para manifestar-se este quadro. A primeira, não necessariamente nesta ordem, é o ativismo, que, em si mesmo, na conduz a nenhuma espiritualidade. É a primazia da ação sem saber-se exatamente o que e com que propósito. Trabalha-se tanto por nada e, ao fim, a alma acaba extenuada. Não estou querendo negar, jamais, a importância do envolvimento na obra de Deus, mas transformar as atividades eclesiásticas em alvo e não meio é escancarar as portas para o esgotamento espiritual.
Outra fonte para esta grave doença é a falta de cuidado em repor as energias espirituais despendidas nos afazeres cristãos. Há muitos que correm de um lado para o outro cumprindo o nobre e legítimo desejo de ser instrumentos nas mãos do Senhor para abençoar o povo. Cantam, pregam, ensinam, aconselham e vivem tão esbaforidos que não encontram mais espaço em sua agenda para outros compromissos... Nem para Deus e a família. Os que chegam a este ponto encontram-se a um passo do esgotamento espiritual, se já não chegaram lá.
Não convém esquecer, ainda, o legalismo como outra causa extremamente oportuna para que a enfermidade se instale. É quando o crente, sob a enorme pressão de achar-se espiritualmente marginalizado, obriga-se a lutar no âmbito de sua humanidade para cumprir determinados códigos de regras rígidas e unilaterais, com aparência de religiosidade, que nem o mais santo dos apóstolos suportaria. O mal se agrava com a tentativa de se quantificar a espiritualidade. Sob este raciocínio, mesmo que você tenha orado por três horas seguidas (isso não é regra, por favor!), se o seu companheiro ultrapassou-o em pelo menos mais cinco minutos, é provável que muitos o considerem mais espiritual do que você, ainda que tenha sido puro farisaísmo. Numa situação dessas não há como escapar: a busca pela excelência na vida cristã passa a ser uma competição de rivais mediante o esforço humano que debilita e leva ao esgotamento espiritual.
O melhor remédio contra qualquer doença é tomar medidas preventivas. Anote aí, portanto, algumas atitudes que ajudam a evitar o esgotamento espiritual ou a sair dele quando se encontra já instalado.
1. Não meça sua espiritualidade pela dos outros. Orar cinco minutos pode ter o mesmo valor de uma oração prolongada ou vice-versa. O que determina sua importância é o nível de intimidade com Deus. É a qualidade e o propósito do que se faz.
2. Não se apegue ao legalismo, nem o transforme em sua tábua de salvação. O ato de você depender exclusivamente da graça de Deus não significa liberdade para pecar, mas a certeza de que se houver cometido pecado ele está sempre pronto a perdoar, coisa que lei nenhuma é capaz de fazê-lo.
3. Não saia para os embates contra o inimigo, nem se disponha ao trabalho incessante sem a garantia de que está suprido de forças espirituais suficientes. Lembre-se que as virgens prudentes tinham também azeite de reserva para qualquer eventualidade. As outras perderam a oportunidade por não disporem de azeite suficiente para um tempo prolongado.
4. Se ainda assim, por algum razão, vier a ser acometido pelo esgotamento espiritual, faça como Davi, que não aceitou conservar sua alma na sepultura da desolação, mas buscou descanso nos braços do Altíssimo, Sl 30.1-3.
“Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade”, Sl 46.1 (NVI).
6 comentários:
Assunto atualisadíssimo. Atualmente o esgotamento espiritual tem atingido principalmente pessoas que esperam nas promessas de Deus, e a seu ver, não estão acontecendo no tempo esperado.
A título de colaboração o Ministro de Música ASAFE no livro dos Salmos nº 73, do verso 1 ao 16 é somente stress espiritual, do 17 ao 28, Deus o cura desse esgotamento. Parabéns!
Estamos vivendo tempos trabalhosos (II Tm 3.1) Os servos de Deus que desejam continuar uma vida pautada nas verdades bíblicas, acabam por entrar neste caminho do esgotamento espiritual. Por que? Porque a fé que sempre norteou suas vidas, não tem mais tanto sentido num mundo onde impera o relativismo. As convicções cristãs estão ultrapassadas e não têm mais lugar neste mundo materialista. Chega-se a um estado de letargia, sem saber para onde ir e o que fazer para continuar vivendo de acordo com as Escrituras sagradas, se até dentro das igrejas a desobediência à Palavra, está cada vez mais patente aos nossos olhos. Resta-nos olhar somente para Jesus, autor e consumador da nossa fé que, muito breve virá nos levar deste mundo tenebroso!
Que Deus nos guarde e nos ajude a vencer.
Dayse
Graça e Paz Pastor Geremias!
otimo comentário,quero também fazer um comentário pr:geremias,
essa é a primeira vez que faço comentário no seu blooger.realmente existem cituações em nossas vidas que precisão de cuidados,e o esgotamento espiritual é uma realidade.Eu estou também pastor, passando por um momento desses em minha vida espiritual,não sei se é por que tenho observado algo que me desagradou na igreja,sei que é normal em algumas cituações, que precisamos ter humildade, mas tem coisas que nos deixa triste mesmo aponto de jogar tudo pro alto.afinal de conta como diz o profeta geremias; de que se queixa o homem a não ser do seus proprios pecados,mas não quero aqui levar para esse lado não,é como eu falei pastor estou triste com a igreja que faço parte,eu oro e peço a Deus que mude essa cituação,não que eu esteja em pecado,e nem é coisa do diabo em minha cabeca,se eu foce contar o que eu já ouvi na igreja pastor, talvez o senhor iria me dizer,que eu estou no lugar errado,naõ que se eu for em outra igreja eu não va ver algo errado,não é nada disso que quero dizer.preciso de um conselho seu pastor geremias,ou devo procurar o meu pastor e falar com ele, contar tudo que estou sintindo no meu coração,vou fazer isso mas quero a sua opinião........um abraço que Deus o abênçoe.
Graça e Paz Pastor...
Esgotamento espiritual...eu sei bem o que é sentir isso, tudo o que o senhor descreveu e no meu caso acrecentaria muito mais, tive fases que nem ao menos poderia ouvir nada referente a igreja que parecia que não cabia mais dentro da minha mente, era horrivel...
Ainda me sinto exaurida e não sinto a minima vontade de estar congregando em uma igreja, sei que minha salvação não depende dela e sim de Cristo mas tambem sei o quanto me sinto fraca estando longe dos irmão e da palavra. É uma contradição Pastor....mas penso, será realmete que a vida crista que eu tinha era motivada por Deus, será que não vivi tantos enganos que hoje me dá calafrios em pensar...Sei que o pai me ama com infinito amor, mas preciso ser restaurada Pastor, preciso adiquirir uma intimidade com Deus, preciso me sentir forte e aprovada dependendo com toda certeza da graça dele.
Esse é um assunto de grande importancia, as pessoas estão morrendo com toda essa religião.
Obrigada por falar sobre isso!!!
Deus o abençõe!!!
Paz do Senhor, Pastor!
Deus continue nos abençoando com estudos como este, que além de bastante atuais, traduzem a necessidade de buscarmos o remédio em uma vida devocional mais equilibrada e uma espiritualidade cristã mais relacional, com Deus e com nossos irmãos. Afinal de contas, devemos ter temor ao Senhor, porém o nosso primeiro mandamento é "Amar a Deus sob todas as coisas e ao próximo como a si mesmo".
Bênçãos espirituais, sejam incontáveis em sua vida!
Irª Cledeline
Boa Tarde!
Saturação é uma palavra que encerra bem o que sinto quando se trata de esgotamento - espiritual, físico, moral, etc, já há muito tempo, por muitas decepções e falsos pastores e profecias mais falsas ainda, tenho sentido esse esgotamento, o pior disso, é ouvir de outras pessoas, que certamente nos amam mas não entendem o problema, que vc está errado! A condenação é uma constante!
Nasci em uma família evangélica, cresci, me converti e hoje apesar de naõ ir a um templo religioso, converso com o Nosso Senhor todos os dias! Mas não sinto vontade de me aprofundar, meus pais falam o hebraico, tem uma visão profética, mas estou me sentindo como se tivesse comido muito mais do que o suficiente e não possso mais comer nada! Talvez precise de um tempo para digerir o que minha mente já adquiriu em conhecimento, talvez só precise descansar! Tenho medo de passar esse esgotamento a meu esposo e filhos! Jesus, tenha misericórdia!
Postar um comentário