sexta-feira, 29 de maio de 2015

Devem as igrejas pagar impostos ao Estado?




Comentei em meu perfil no Facebook sobre a minha posição favorável a que as igrejas paguem impostos, na forma da lei, por entender que isso ajudaria a tornar mais transparentes as suas contas e por compreender que a elas não cabem quaisquer benesses concedidas pelo Estado. É óbvio que o tema é polêmico. Há quem concorde. Há quem discorde. Bem, aqui vão as principais razões, por partes, pelas quais entendo que esse privilégio deveria ser revisto.

1) Impostos existem desde tempos imemoriais e, sejamos sinceros, nenhum de nós gosta de pagá-los. É algo que fazemos com certa contrariedade, principalmente quando se trata de cobranças escorchantes. Mas são eles que dão ao Estado condições de assistir aos contribuintes naquilo que lhe compete. Ou seja, a discussão não busca avaliar se são ou não mal aplicados, mas parte do princípio que eles são indispensáveis para o funcionamento da máquina pública. Se isto não vem sendo feito a contento é outra história. Cabe a nós, eleitores, melhorarmos a qualidade do nosso voto. Portanto, acho que esse não é um bom argumento para justificar a isenção tributária das igrejas.

2) Mas voltando apenas aos tempos do Novo Testamento, vemos a menção ao tributo, quando os fariseus usam-no como isca para tentar apanhar Jesus numa armadilha. O Mestre soube sair do "laço" de forma sábia, como não poderia deixar de ser, sem deixar de reconhecer que, se a moeda circulante pertencia ao Império Romano, a ele caberia receber os impostos devidos, Mateus 22.17-22. Ele mesmo, certa vez, cumpriu de forma miraculosa essa obrigação: pagou os seus impostos, Mateus 17.24-27. Mais tarde, já no período dos primeiros dias da igreja, Paulo não só reconhece a instituição divina da autoridade, como também se reporta ao dever cívico de pagar tributos em ambiente onde os cristãos eram perseguidos pelo poder dominante, Romanos 13.1-7. Em outras palavras, o pagamento de impostos ao Estado é chancelado pela Escritura.

3) Certamente, dirá alguém: "Naquela época não havia templos cristãos de modo que não houve nenhum ensinamento bíblico a respeito". É verdade. Mas também não convém esquecer que os templos entraram na história do Cristianismo com a constantinização da igreja, nos idos dos anos 300 DC. Antes, os que professavam a Cristo reuniam-se em casas, catacumbas, às escondidas, sem nenhuma benesse do Estado. Não podemos deixar de ressaltar que no ambiente neotestamentário o templo perde a sacralidade que tinha no Antigo Testamento. Tanto Jesus corrobora a tese (João 4.20-24) como Estevão sofre o martírio por tocar em vários pontos nevrálgicos para os judeus, entre eles a sacralidade do templo em Jerusalém, Atos 7.44-50. Pois é aqui que reside o problema.

4) Ora, com o advento do Cristianismo como religião oficial do Império Romano, a partir da conquista do trono imperial por Constantino, a igreja passa a desfrutar de privilégios, como a isenção de impostos, o pagamento de seus clérigos pelo Estado, a ascensão de muitos cristãos a cargos de destaque na estrutura de governo, além da incorporação dos templos para os cultos, alguns deles "sequestrados" dos cultos pagãos por ordem do Estado, algo que não ocorria até então. A história é pródiga em mostrar que essa aliança só foi ruim para a igreja. Não preciso descer aos pormenores. Vale dizer apenas que todas essas "vantagens" tiveram cunho político, como algumas, hoje, só têm cunho eleitoreiro.

5) Infelizmente, continuamos com o mesmo modelo. Gostamos de construir templos imponentes, suntuosas catedrais, onde gastam-se rios de dinheiro, com a mesma aura de sacralidade repudiada no Novo Testamento. Na continuidade, pelas vias da informalidade, vê-se cada vez mais essa aliança entre a igreja e o Estado praticada em todos os níveis de governo sempre em busca de privilégios sob os mais diferentes argumentos, como, por exemplo: "O que estamos fazendo é pela causa", quando, aqui entre nós, a causa passa longe desses acordos, onde prevalecem vantagens com fins nada recomendáveis.

6) Diante do exposto, conforme a máxima de Jesus: "Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus", é preciso rever a nossa caminhada. levando em conta o lema da Reforma: "Uma igreja reformada sempre se reformando". A igreja deve caminhar em seu próprio leito e o Estado no seu, sem misturar as sintonias. O entrelaçamento de ambos só produz mal ao Cristianismo, como revela a História. Com isso, a igreja perde um de seus relevantes papéis: a capacidade de ser voz profética pelo comprometimento com alianças espúrias.

7) Contra o pagamento de tributos pelas igrejas, alega-se, ainda, que seria uma espécie de bitributação, visto que os seus membros já pagam impostos sobre os seus proventos. Não seria justo, portanto, as igrejas pagarem "uma segunda vez" sobre as contribuições recebidas. Mas isso não é bitributação, pois na origem não está o mesmo fator gerador. Considero inconsistente o argumento. Assim como contribuímos para a igreja, também contribuímos para outras organizações ou pagamos mensalidades e anuidades para diferentes associações, as quais, também, pagam os seus impostos, na forma da lei. Estaria, nesses casos, igualmente, havendo bitributação? De forma alguma! Pagamos como pessoa física. As entidades pagam como pessoa jurídica.

8) Assim sendo, concluo afirmando que, por simetria aos textos bíblicos já aludidos e aos exemplos já mencionados, as instituições de ofício religioso deveriam ser tributadas, levando-se em conta, por óbvio, todas as nuances que possam tornar a carga tributária justa, como, por exemplo, a isenção sobre recursos próprios que tiverem sido empregados no âmbito social e educacional. Igreja é Igreja. Estado é Estado. Quanto mais estiverem distantes um do outro, cada um cumprindo o seu papel, melhor.

22 comentários:

Unknown disse...

Olá Pastor Geremias, Graça e Paz.......

Muito interessante o assunto da sua postagem, porém controverso; creio que este tema ou irá da "pano pra mangas" ou receberá o silencio como resposta.
Eu, em particular, penso que a igreja deva cumprir com todo o seu dever diante de Deus e dos homens, seja no louvor e adoração, seja nos tributos e nas ações.....Mesmo porque, tem muito dinheiro sendo jogado fora no nosso meio. Ainda que alguns possa pensar que não devemos pagar impostos porque o estado é corrupto. Porém, isto não serve como argumento.

Um grande abraço....

Anônimo disse...

"Uma voz que não se cala" para criticar, mas quando é criticado e rápido em excluir.

Pastor Geremias Couto disse...

Ao ilustre "anônimo":

Uma das boas ferramentas do Facebook é o "block". Uso-o sem parcimônia, não porque as críticas me incomodem, mas por um ponto que fica melhor pronunciá-lo em inglês: "Fake detected". E mais: só o publiquei como "anônimo" apenas para lhe deixar essa resposta.

Anônimo disse...

Falei da ferramenta "excluir" comentários e não "bloquear" pessoa. Claro que concordo, bloquear é direito do proprietário... Mas, usar o termo "figura publica, utilizar também a frase "a voz que não se cala" para se auto titular, e depois não aceitar um comentário nada ofensivo - sinceramente, me deixou sem entender o que causou a tão severa punição. Eu não tenho o conhecimento rebuscado que o Senhor tem, mas quando tiver não quero ser soberba nem narcisista. Falso detectado? Não, o meu comentário é mais verdadeiro que de muitos que vivem da obra e não para obra de Deus! Se o senhor tivesse-me enviado uma solicitação para que não comentasse mais eu teria aceitado com parcimônia. Com respeito o "anonimo". Caso queira conversar com um pobre mortal sabe onde pode encontrar-me. Claro que foi por educação que falei isso, não mereço atenção de um nobre Pastor.

daladier.blogspot.com disse...

As igrejas, em geral, acham boa essa simbiose porque há uma suposta economia. Só que tal acaba criando um compromisso eleitoral muito mais pesado. Sem contar as falcatruas mesmo.

Conheço a história de uma igreja que devia em torno de 2 milhões ao Fisco. Recorreu a um deputado federal, que encaminhou o problema ao seu pai, grande advogado naquela região. Por acaso, era um dos conselheiros do CARF. Orgão que se envolveu num escândalo bilionário recentemente.

Resultado: A igreja foi "perdoada" em um ou dois milhões e toda eleição é obrigada a abrir as portas, até de reuniões ministeriais, para angariar votos. Uma prática que fere a Lei 9.504/97.

Detalhe: corre o risco de agora os processos serem revistos e a cobrança chegar com juros e correção monetária! Ah! E o deputado que intermediou a jogada está envolvido até o pescoço no Petrolão.

No resumo da ópera, além da possibilidade do problema voltar a qualquer momento ainda terá que pedir votos para um deputado encrencado com uma operação conhecida nacionalmente.

Não era melhor ter parcelado o débito e pago sem depender de ninguém?

Quanto aos tributos, devidamente fiscalizados, dariam muito mais transparência a toda operação. Que fosse um percentual pequeno, mas que houvesse uma fiscalização eficiente seria ótimo. Hoje as igrejas em sua maioria não recolhem o IR e o INSS sobre as prebendas...

Abração!

Pr. Adiel disse...

Concordo plenamente com o nobre pastor, infelizmente as igrejas de hoje são propriedades de alguns, totalmente comprometidos com este sistema corrupto. Logo, existe o famoso "toma lá, da cá".

Pastor Geremias Couto disse...

Meu caro "ilustre" anônimo:

Se a sua feclamação é quanto a ter excluído algum comentário no FB, alguma razão houve, sendo este também um direito do "proprietário" do perfil. Pelo visto, o preclaro (ou preclara) já me acompanha há algum tempo e sabe que sempre dei espaço às vozes discordantes, respeitados os critérios que estabeleço para que o perfil não vire um saco de gatos. Mais se eu sei onde encontrá-lo (ou encontrá-la), é só me dizer de quem se trata e aí teremos como manter diálogo, para que eu saiba que comentário foi excluído e possa lhe dar as razões. No anonimato, fica impossível. Venha para a "luz" e diante da "luz" poderemos conversar. Fora isso, estou sendo até bastante compassivo, pois, para mim, anonimato em casos assim é anomalia de caráter.

Anônimo disse...

A palavra "ilustre" não quer dizer alguém com alguma qualidades? Acho que qualquer ser humano pode ter qualidades, até mesmo o o "anonimo". Por favor, não tome por falso todo duvidoso! Creio que a palavra ilustre entre aspas foi um pouco de mais... Anomalia de caráter? O senhor sabe quem é o "anonimo", até excluiu os comentários quando ele estava na "luz", pois afinal tem mais gente lendo os comentários por lá do que por aqui. O seu perfil já virou um "saco de gatos" a muito tempo, pois sua postagens nos últimos dias, tem um único intuito criticar pessoas e entidades que não vão lá para se defender... O senhor faz parte da AD, chegou a onde chegou, provavelmente porque não se tributou a igreja! O "anonimo" queria dar um solução sem mexer na CF, dizer que o problema das igrejas está na má gestão pastoral (pastor não é administrador, nem advogado e congressos são inúteis para vida crista). O "anonimo" foi ingenuo e sonhador! Mas, ele vai aprender a não dar palpite, mesmo tendo estudado um pouco sobre o assunto... Creio realmente que Senhor foi escolhido por Deus, mas ainda como eu, é um ser terrestre! Em fim, acho que no "escuro" o "anonimo" teve mais atenção. Só para contar: o "anonimo" esqueceu da ferramenta "e-mail", e também em razão do bloqueio, possivelmente ele, não teve a chance de encaminhar por "inbox". Obrigado! Obs.: Com humildade, solicito a exclusão dos comentários. Grato.

Pastor Geremias Couto disse...

"Ilustre" anônimo:

Sem mais entrar nos detalhes de seus comentários, eles serão mantidos, inclusive o último, para que as sombras se dissipem e o "duvidoso" possa ser conhecido em suas entranhas. Os próximos, se houver insistência, serão preservados na caixa onde geralmente chegam.

Unknown disse...

Olá Pr. Geremias, Graça e Paz.....

Não falei que ia dar "pano pra mangas" .......

Porém, sei que a tributação das igrejas seria uma faca de dois gumes; pois certamente, só as pequenas é que sofreriam a cobrança do estado.E, como a maioria estão na clandestinidade ou trabalham com poucos recursos, logo ficariam inadimplentes. E o pior, é que as grandes denominações quando forem tributadas, alegarão que as pequenas estão impedindo o seu desenvolvimento, ocupando um espaço sem contribuir. Então virá a perseguição de irmãos contra irmãos......
Fica na paz......

João Santos disse...

Esta é uma questão sobre a qual eu tenho quebrado a cabeça por algum tempo; talvez o que me deixaria contra a tributação de igrejas seria que alguns interpretariam isso como um indício de que igrejas são apenas empresas, negócios como quaisquer outros. Algumas igrejas, infelizmente, são; mas não sei se essa é uma mensagem que queremos passar sobre igrejas como um todo para a sociedade geral. A vantagem, porém, de forçar as igrejas a uma maior contabilidade e transparência com os recursos que tem seria realmente considerável. É uma questão que merece ser debatida seriamente, e não simplesmente descartada como ela geralmente tem sido.

O irmão Félix disse...

Meu caro pastor Geremias,


Parabéns pelo texto! Penso que as igrejas deveriam ter outra postura com relação a pagar seus impostos. Aliás, se a bíblia diz !Dai a Cesar o que é de Cesar", é porque há legitimidade em si contribuir com os nossos impostos, embora sejam eles, na maioria das vezes, injustos. Porém o que não é correto é a igreja, seja ela qual for, cometer o pecado da sonegação de impostos, como ocorre em muitas igrejas desse país. Há até aquelas, cujos líderes adulteram suas contabilidades, com o fim de burlar o fisco e ficar com algum valor a mais, no que diz respeito a renda mensal da igreja. Se o Congresso Nacional aprovar algum dispositivo legal para proteger igrejas nesses sentido, estará praticando mais um ato ilegítimo e digno de repúdio. Digo mais, as igrejas hoje não podem receber tal benefício, pois falta muita transparência no nosso meio. LAMENTÁVEL!

O irmão Félix disse...

Pastor Geremias,

Se as igrejas cobram o dízimo que é uma doutrina para israel, pois não se tem um versículo sequer no NT que respalde a famigerada doutrina do dízimo, mas, enfim, elas cobram a qualquer custo, e se Jesus disse "Dai a Cesar o que é de Cesar", e ele disse isto no contexto do império romano naqueles dias, portanto, não se aplica à igreja, todavia fomos ensinados que devemos pagar nossos tributos, porque agora não pagá-los? Os princípios não são permanentes?

Unknown disse...

Graça e paz pastor Geremias!

Parabéns pelo assunto abordado.

Concordo com o pagamento de impostos por parte da Igreja. Esta quer receber os privilégios do Estado, mas não arcar com obrigações. Fora que deve haver casos de corrupções também - o que havendo a "influencia" do Estado poderiam ser mais transparente com os seus membros. Enfim: a máxima "dar a Deus o que é Deus e ao Estado o que é do Estado" não é ilegítimo nos dias de hoje.

Grande abraço pastor. Gilson Barbosa, do blog www.pbteologil.blogpost.com

Robson Aguiar disse...

Como bem sabe o amigo, sou contra a tributação da igreja, na verdade, pelo trabalho que os cristãos prestam a sociedade por meio da igreja e de forma voluntária, o Estado deveria era investir na igreja como já faz com as ONGs, liberando recursos que possam ampliar os investimentos sociais das igrejas.

Não falo de união do Estado com as Igreja, não se trata de constantinização, sei que esse casamento não dá certo, mas, parceria entre igreja e estado é algo importante. Não trata-se de barganha, politicagem, venda de rebanho, ou coisa desse tipo, falo de Leis que fossem criadas com esse objetivo, a igreja a serviço de Deus com a ajuda do Estado.

Também penso, que qualquer ONG que tenha caráter não lucrativo e que labute notoriamente em favor do estado deve ser incentivada.

O que é estranho senhores é uma empresa como a FIFA, que tem caráter lucrativo ser beneficiada pelo país, com isenção de impostos, como aconteceu na Copa que se realizou no Brasil.

Mas, a Igreja como instituição filantrópica, não creio que deva sofrer impostos. Antes que alguém diga que Cristo pagou imposto, é bom lembrar que estamos falando de pessoa jurídica e não de pessoa física.

Abraços.

Roberto disse...

Sou favorável também que pastores paguem imposto de renda, pois muitos tem patrimônio alto sem pagar o imposto devido, se um dia a receita federal resolver investigar, vai ser vergonhoso.

Anônimo disse...

Não. O controle dos associados tem que ser eficiente. O Estado erra, nao ao isentar as igrejas, os partidos políticos e as ONGs do pagamentos de impostos, mas em nao controlar a criacao e o funcionamento dessas entidades. Bastava, por exemplo, impedir que cidadãos com "ficha suja" assumissem qualquer cargo de comando, chefia ou direcao, sob pena de extincao da entidade e confisco dos bens e valores doados. Que tal o fisco acompanhar a evolucao patrimonial dos dirigentes (e de seus descendentes e ascendentes naturais) durante todo o tempo em que estiverem ligados a instituicao? E se o Ministerio Publico, assumisse a investigacao de qualquer denuncia de fraude? E se os membros aproveitassem as assembleias para realmente auditarem o trabalho da diretoria? E se os dirigentes culpados de fraude respondessem com seus bens pessoais (e de seus ascendentes e descendentes, inclusive)? Essas medidas compensariam a "confianca" que o Estado deposita nessas organizacoes que movimentam bilhoes de reais anualmente a bel prazer. Serviria para separar o joio do trigo. Quem nao deve nao teme. Acredito que tributar dízimos & ofertas, por exemplo, nao resolve a falta de prestacao de contas e de transparencia, que sao indicativos de uma boa administracao. Quanto maior o volume de contribuições, menor o controle e mesmo a participação dos associados. Os governos já arrecadam alem do razoável, não fazem nenhum tipo de consulta eficiente a população para o gasto dos impostos e oferecem pouco em contrapartida. Não sei o que e pior: se disponibilizar mais recursos para que o Governo continue gastando mal, na expectativa de que uma acao coersiva do Estado obrigue as ONGs, etc a gerirem com eficiência "nossas contribuicoes voluntarias"; ou se continuar a contribuir e nos limitarmos a " entregar tudo nas maos de Deus" quando ocorrem desvios como fruto da falta de transparencia, de prestação de contas, de etica. Acho que somos capazes de criar um modelo simples de gestao para todas as entidades sem fins lucrativos, eficiente, que brinde os nossos cofres e assegure nossos direitos de opiniao. Um dia esse sistema maligno vai tomar tudo mesmo. Mas não sem luta, não por nossa culpa. Paulo Ceroll.

Unknown disse...

Prezado Pastor, faço aqui algumas considerações contrárias, com o devido respeito e acato:
“...isso ajudaria a tornar mais transparentes as suas contas...”
– não é porque determinada entidade paga tributo que terá transparência em suas contas. No caso das igrejas, cabe aos membros e a eventual órgão denominacional exigir a prestação de contas justas de seus gestores. É óbvio também que deve ser objeto de investigação o desvirtuamento das igrejas administradas com obtenção de lucro (até para proteger as igrejas sérias), mas isso não nos dá fundamento para atacar a imunidade das instituições religiosas, que, aliás, refere-se apenas aos impostos e a algumas contribuições sociais, e não a todos os tributos.

“... e por compreender que a elas não cabem quaisquer benesses concedidas pelo Estado...” - não se trata de benesse, pois o serviço social das igrejas (refiro-me às sérias), ainda que sem subvenção estatal, é substancial, não apenas nas capitais, mas também nos mais distantes e carentes rincões do país, onde o Estado é omisso – no subúrbio, na comunidade ribeirinha do Norte, no sertão nordestino etc. Na grande maioria dos municípios, há alguma paróquia católica ou uma congregação evangélica a desempenhar importante função social, com eventos de ação social, ações de assistência, de saúde. As mais estruturadas possuem projetos educacionais, programas de recuperação de dependentes etc. Até o serviço estritamente espiritual tem sua componente social, pois eleva a autoestima, valoriza o cidadão, inibindo-lhe vícios e condutas ilícitas.

“continuamos com o mesmo modelo” (...) “essa aliança entre a igreja e o Estado”... – A comparação não é de todo congruente. As diferenças são bem mais nítidas, pois, no modelo constitucional brasileiro, a imunidade concedida às igrejas não implica aliança destas com o Estado, em virtude da generalidade das religiões serem beneficiadas. A imunidade tributária, por si só, não leva a qualquer ligação espúria das religiões com o Estado.

Outras observações.
1 - A imunidade tributária é, com acerto, vista como medida de proteção à liberdade religiosa, pois um governo arbitrário poderia, no intricado regime jurídico tributário com funções extrafiscais, perseguir ou beneficiar as religiões ou determinado segmento religioso por meio de exonerações, isenções, renúncia fiscal, aumentos abusivos e confiscatórios etc. E, muitas vezes, a correção de tais desvios pelo Estado de Direito apenas são adotadas quando o devedor já foi deveras prejudicado.
2 - A utilização de passagens que mostram que Jesus foi favorável ao pagamento de tributos como fundamentação bíblica para o fim da imunidade não guarda correlação estreita com a relação atual entre igrejas e Estado. É que, nos tempos bíblicos, o dever de pagar tributos era imposto pelo Império Romano sem qualquer consideração em torno das particularidades do agente passivo da obrigação tributária – o povo judeu. Entretanto, posto que vivemos num Estado Democrático de Direito, as entidades religiosas tiveram a oportunidade de, por meio de representantes do povo, obter a imunidade como medida de justiça tributária.

Unknown disse...

Pela falta de transparência, sou totalmente a favor da tributação. Quanto ao argumento da bitributação, chega a ser hilário, pois como o senhor bem disse: "na origem não está o mesmo fator gerador". E digo isso não só em relação à igreja, estendendo à todas as instituições religiosas. Irmão Robson Aguiar, muitas ONG's recebem ajuda por prestarem serviços gratuitos nas áreas da saúde, educação e assistência social; e sejamos sinceros, são pouquíssimas as igrejas que prestam tais serviços. Trabalho na área contábil, especificamente no Terceiro Setor, do qual as instituições religiosas fazem parte e, pelo o que vem acontecendo, em termos de normas contábeis e de gestão, creio que não vai demorar muito para a fiscalização aumentar.

Robson Aguiar disse...

Irmão Diego Oliveira, Não conheço um governo que não reconheça o trabalho social desenvolvido pela igreja. Não falo de prestação de serviço médico, escolar ou doação de alimentos(embora muitas igrejas o façam), falo de transformações de vidas, fazendo com que o drogado abandone a droga, os bandidos deixem o crime, os conflitos familiares sejam sanados, os desordenados se tornem cidadãos exemplares. Os governantes reconhecem quando discursam tudo isso, embora que o motivo da isenção de impostos já amplamente dirimida e com muita propriedade pelo irmão Wesiley. Não se pode julgar por baixo, penalizando as verdadeiras igrejas cristãs. Penso.

PR Samuel disse...

Concordo com o nobre pastor, infelizmente as igrejas de hoje são propriedades de alguns, totalmente comprometidos com este sistema corrupto e hedonista. A bitributação é falacia da injerencia num sistema de subserviencia, onde indagações são respondidas como faça o que eu mando, não diga como fazer, se não voce esta fora em nome do totalitarismo.

Unknown disse...

Graça e Paz!
Filantrópica? Pra quem?
Sou filha de um pastor em plena zona sul do Rio de Janeiro.
Tenho tristeza ao ver esse assunto abordado.
Meu pai foi o fundador da igreja,nunca vi meu pai tirar dinheiro da igreja, passamos muitas necessidades.
Mas sei das 24congregações, sopas destribuidas todos os dias da semana, roupas , cestas básicas...
Quadras no Jardim da saudade , contas bancárias com expressivos valores.
Quando ele faleceu,minha mãe e eu fomos abandonadas.
A viúva teve um avc , ficando no leito , sem assistência nenhuma da igreja.
Com um salário mínimo não pode continuar pagando o plano de saúde.
Na época essa igreja tinha um plano de saúde empresarial, o qual a viúva pediu para que a colocasse . Mas foi negado .
Fui para farmácia popular..
Fraldas, medicamentos..
A viúva faleceu nas piores condições para esposa de um pastor que tanto fez pela causa , nem no funeral esse pastor foi.
Isso é filantropia?
O que a Sagradas Escrituras diz à respeito das viúvas e dos órfãos?
Sinceramente frustrante.
Sei que a igreja é de Nosso Senhor Jesus. Mas desde então não consigo ver as igrejas como era no tempo do meu pai. Pastores hj elegem suas famílias para a sucessão .
Digo sem medo de errar, precisam , devem sim ,pagar impostos.
Transparência sim.
Não quiseram mostrar pra mim a ata da igreja onde poderia ser comprovado o acordo firmado, entre meu pai e o ministério.
Quando fui tentar conversar c esse pastor, ele levantou p me bater , quem o conteve foi o filho que era o vice .Disse que à igreja não tinha obrigação nenhuma e qie eu procurasse meus direitos, mas que a igreja tinha dinheiro e poderia contratar o melhor e mais caro advogado no país.
Isso tudo porque queria que a igreja cuidasse pelo menos da viúva do fundador daquela igreja.
Se um membro não pode ver as atas da igreja que ele, oferta, dizima . Vcs acham q vão permitir uma lei dessa ser aprovada ?
Tem uma vasta bancada evangélica lá.
Depois de tudo que aconteceu, o melhor que tenho feito , cuidar da minha família.
Ver a viúva mendigando?
Pra que igreja?
Nos bastidores o coisa é muito pior que imaginam.
Deus tenha misericórdia de nós.
Paz .