Jardins Suspensos da Babilônia |
Segundo notícias da mídia, começa hoje à noite uma nova novela na Rede Globo: Babilônia é o título. Mas não é sobre ela que eu quero escrever algumas poucas palavras. Minha mente se volta para a Babilônia religiosa, como prevista no Apocalipse, e viaja no tempo para trazer à memória a grandiosidade, a opulência e o luxo do Império Babilônico no auge de Nabucondonozor. Foi tamanho o seu orgulho que Deus o humilhou e o fez pastar entre os animais no campo até que reconhecesse a soberania do Altíssimo. Teve de deixar o trono para viver no pasto.
Esse é, também, o grande pecado da Babilônia religiosa contemporânea. Não me refiro aqui a uma instituição de per si, mas a um complexo religioso cristão, que junta sob o mesmo guarda-chuva distintas estruturas detentoras dessas características. Devo ser sincero e reconhecer que tal perfil já não é "privilégio" apenas de um grupo vistoso e midiático, mas se tornou tão eclético que inclui as mais diferentes tendências cristãs. Elas estão aí bem diante de nossos olhos. Não é difícil identificá-las.
Mas qual é, mesmo, o perfil da tal Babilônia religiosa?
Ele se caracteriza, em primeiro lugar - não necessariamente nessa ordem - pelo ecletismo de sua mensagem centralizada no homem em que se buscam quaisquer recursos, quaisquer fórmulas, para massagear o seu ego e colocá-lo no topo do mundo como "senhor da terra". A heterodoxia predomina nos sermões, na liturgia e em eventos nos quais tudo é organizado e conduzido para que ele ocupe o seu lugar no panteão das vaidades humanas. Não importa se o que diz não se submete ao crivo da Escritura e, sim, se agrada aos ouvidos de quem ouve. A Babilônia religiosa é eclética e também pagã, pois presta culto ao homem!
Outra característica predominante é o mercantilismo. A Babilônia religiosa mais se parece com um "mercado árabe" ou com um desses "camelódromos", onde se negocia de tudo e se barganham as coisas mais inimagináveis desde que se ouça o som da moeda caindo na caixa, ou melhor, o barulho das maquininhas de cartão de crédito ou débito, fazendo, em alguns casos, vultosas transferências. Não é nada tão distante da venda de indulgências e da prática de simonia dos tempos medievais. Lembro-me de que na época em que presidi um Conselho de Ordenação de Ministros, na Convenção Estadual a que pertencia, rejeitamos um candidato por não preencher os critérios bíblicos e convencionais. O pastor que o apresentou entrou em pânico. Tinha-lhe "vendido" a ordenação! Enquanto lá estive, a nossa posição foi mantida. Mas na Babilônia religiosa é daí para pior!
Não quero, com isso, contraditar a necessidade de recursos financeiros para a realização da obra de Deus. De maneira geral, nada é feito sem custos e contribuir é parte de nossa adoração. É o reconhecimento de que tudo o que temos lhe pertence. O próprio Cristo tinha um tesoureiro e o apoio de mulheres que lhe ofertavam de sua renda familiar. A Bíblia diz, ainda, que o obreiro é digno do seu salário e os que ministram em tempo integral devem receber duplicados honorários. O ponto, portanto, não é esse. É a mercantilização pura e simples. É transformar a fé em negócio lucrativo, é enriquecer-se em nome do Evangelho, é deixar de lado as "sandalhas da humildade" pelos opulentos sapatos do orgulho, é massacrar o povo, enquanto se esbalda em cofres abarrotados, assim como faz o Tio Patinhas.
É por isso que outra característica marcante da Babilônia religiosa é o luxo, a opulência, a grandiosidade (no sentido pior do termo), a suntuosidade e a altivez de tudo o que se faz e se constrói. Já não basta um templo simples e funcional! Já não bastam as catedrais! O referencial, doravante, é o Templo de Salomão! Não o de Jerusalém, mas o de São Paulo. Quem construir algo menor do que isso não é digno de assentar-se no trono! Não nos esqueçamos, também, da vida nababesca dos líderes da Babilônia religiosa. Mansões, iates, jatinhos e carros luxuosos são alguns dos itens que compõem a sua vida regalada. Para se ter uma ideia, segundo o site de notícias da CNN (veja aqui), o pastor Creflo Dollar, nos EUA, teria pedido há poucos dias que 300 mil pessoas, entre membros da igreja, mantenedores e parceiros, doassem 300 dólares cada um para a compra de um Jato Gulfstream G650 orçado em cerca de 65 milhões de dólares! Não tenho dúvida que esse não é o espírito do Novo Testamento!
Na Babilônia religiosa, os líderes sugam as ovelhas ao máximo, tirando-lhes o sangue, para satisfazer as suas paixões carnais. Esforçam-se para ficar o mais distante delas, até com forte aparato de segurança, pois não querem ter o trabalho de cuidar das que estão doentes, com o pé quebrado, enfraquecidas, desgarradas, desprotegidas, abandonadas, perdidas e quase mortas. Mas cevam-se sem pudor de suas lãs. São pastores de si mesmos e não do rebanho de Deus, como descreve o profeta Ezequiel acerca dos líderes do povo de Israel. Querem títulos e mais títulos, se possível até de "semideus". Estão inebriados pelo vinho da religiosidade fútil, prostituída, insana, que se oferece no banquete de sua egolatria.
Na Babilônia religiosa, os líderes sugam as ovelhas ao máximo, tirando-lhes o sangue, para satisfazer as suas paixões carnais. Esforçam-se para ficar o mais distante delas, até com forte aparato de segurança, pois não querem ter o trabalho de cuidar das que estão doentes, com o pé quebrado, enfraquecidas, desgarradas, desprotegidas, abandonadas, perdidas e quase mortas. Mas cevam-se sem pudor de suas lãs. São pastores de si mesmos e não do rebanho de Deus, como descreve o profeta Ezequiel acerca dos líderes do povo de Israel. Querem títulos e mais títulos, se possível até de "semideus". Estão inebriados pelo vinho da religiosidade fútil, prostituída, insana, que se oferece no banquete de sua egolatria.
Que mais poderia eu acrescentar? A lísta não termina aí. É longa e poderia incluir muitos outros tópicos. Mas a natureza do blog não permite textos mais densos. Assim, gostaria de concluir com a seguinte afirmação: se você quer servir a Deus numa comunidade de fé comprometida com os fundamentos bíblicos, que não esteja maculada por nenhuma das características aqui descritas, procure encontrar aquela que valorize a comunhão entre os irmãos, faz da Escritura o seu pão de cada dia, viva a simplicidade do Evangelho e cujo pastor se assenta no meio da relva com as ovelhas, não como senhor, mas como servo do Pastor do rebanho. Já aos que estão em sistemas identificados com a Babilônia religiosa, levem a sério a recomendação bíblica:
- Sai dela, povo meu, Apocalipse 18.4.
6 comentários:
Nobre Pastor Geremias do Couto;
Graça e paz;
Seu texto é simplesmente perfeito.
O que lamentavelmente tem acontecido Brasil afora é o que o texto relata, mas há quem cai nestas conversas.
Que deus nos ajude a mantermos a simplicidade do evangelho, fazendo ecoar nos rincões deste país o evangelho genuíno de Cristo.
Parabéns Deus continue a lhe usar....
Marcos Serafim
Caro amigo e pastor Geremias Couto,
A Paz do Senhor.
Seu texto é pertinente e necessário, agora, quanto a última recomendação... está difícil meu amigo.
Sair está fácil, difícil é encontrar a segunda opção, que na verdade deveria ser a primeira. rsrs
Tempos trabalhosos. Oremos!
Infeliz e triste retrato dos nossos dias. Curioso notar que o ringue é o mesmo da Babilônia da Globo. Igrejas midiáticas para um público ávido por baboseiras. A audiência agradece.
Mestre Geremias,
A contextualidade de seu texto é surpreendentemente atual (já é o que se esperar de sua lavra).
A simetria dos acontecimentos que desenrolam-se em nossa frente nos fazem pensar sobre o futuro escatológico, apocalípitico, trágico.
E pior, sem nenhuma perspectiva de melhoras. Nem legado espiritual podemos deixar para a geração que está chegando, porque ela de si mesma não quer aceitar.
Não há vislumbre alvissareiro nos arraiais eclesiásticos. O que impera é a monarquia absolutista. Isto é, o homem no centro de si mesmo.
Sair dela é dizer NÃO ao sistema que ai está: minguado, sem expressão evangelística, politiqueiro.
Mas, tem muita gente que recebem desde bolsa ministério até impérios dantes alcançados.
Será que dá pra mudar ou tem que seguir o seu conselho, ops, o da Bíblia?
08/03/2015.Tive um sonho nesse fim de semana e estou compartilhando com alguns líderes de igreja, porque creio que o Senhor Deus não me deu esse sonho pra ficar comigo já que é um alerta espiritual.O sonho: O cenário era um teatro. No palco estava o mundo em figura daquele globo terrestre redondo. Algumas linhas o seguravam vindo de cima, como uma marionete.Não sei quem estava no comando. Na escada que dava acesso ao palco subia uma figura masculina, num gesto de cavalheirismo segurando a mão de uma mulher vestida de prostituta. Esse iria entregar ao mundo essa prostituta. Ela estava com um semblante triste mas estava vestida como uma prostituta. Enfim perguntei ao Espírito Santo o que era aquela cena que eu via. e o Senhor me respondeu: A PROSTITUTA É A IGREJA.Logo eu que nunca tive interesse algum em estudar Escatologia e o Senhor me dá um sonho desse. Pensei. Mas o Senhor revela como e a quem Ele quiser. Só não posso é ficar calada diante desse alerta do Senhor.Quanto à interpretação desse sonho nós sabemos que à luz da Bíblia temos todas as respostas. Por isso peço que orem, vigiem. Não se conformem com esse mundo. Deus é o mesmo. Não mudou. A estrada continua e continuará estreita. O fim dos tempos está próximo. Não podemos ficar abrindo exceções na vida espiritual da igreja. TUDO o que fizerem ao liderar ou pastorear a igreja, vejam se está em conformidade com a Palavra de Deus. A igreja prostituta aqui são todas as igrejas. O alerta do Senhor é pra todos nós. Desde o pequeno ao grande. Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos dê a paz.
Deus abençoe a visão ampla apresentada neste artigo, que nos leva além da miopia evangélica. Enquanto muitos estão perdendo o tempo focados numa novela, há uma verdadeira babilônia dominando mentes e corações que acreditam estar indo para mais perto de Deus, porém, estão apenas subindo as escadas da Torre de Babel. Com permissão do Pastor Geremias, os convido tomar um chazinho comigo: http://ronaldolucena.blogspot.com.br/2015/03/hipocrisia-babilonica.html
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