Em três de novembro publiquei a primeira de uma série de três postagens prometidas para tratar sobre a forma como vemos e compreendemos Deus. Confira aqui. Ao final, considerei que a Escritura é o nosso melhor "'ponto de observação' de onde Deus pode ser conhecido, tanto em seu 'lado ouro', quanto em seu lado prata'". Nesta segunda postagem, já um pouco distante da outra, a minha intenção é mostrar os motivos pelos quais a Escritura tem essa prerrogativa.
Comecemos por afirmar que nenhum outro livro sagrado tem a perspectiva ímpar da Escritura acerca de Deus. Sem entrar em pormenores ou tornar esta postagem maçante, qualquer outra obra que se apresente como portadora dos oráculos divinos, ora propõe conceitos inconsistentes, ora aponta caminhos que não levam a lugar algum, ora cria um emaranhado que mais confunde a cabeça dos que estão em busca da verdade, ora orna o sagrado com mitos que se circunscrevem à própria categoria: não passam de mitos. Não cumpre o papel que promete. O terreno é movediço e a visão nebulosa.
A Escritura é a única obra singular em toda a história da humanidade. Nenhuma se compara a ela. Nenhuma a supera. Aqui vale aduzir alguns rudimentos. Escrita por cerca de 40 autores de diferentes extratos sociais, em aproximadamente 1600 anos, sem que muitos se conhecessem, jamais algum deles teve ideia de que estaria escrevendo um texto para compor esse monumental volume com 66 livros que chamamos Bíblia. No entanto, nenhuma outra obra, antiga ou recente, comparada à forma como a Escritura chegou até nós, revela a mesma unidade, harmonia e propósito, como acontece com a Bíblia, embora os seus autores não tivessem originalmente a intenção de produzi-la do modo como hoje a conhecemos.
Outra singularidade que se destaca na Escritura é a sua fidelidade aos originais. Qualquer outra obra antiga, que não mais disponha do original, isto é, do texto escrito pelo autor, tem uma margem de erro que beira aos 15%, quando comparadas todas as cópias antigas existentes. Não é assim com a Bíblia. Embora os manuscritos originais, ou seja, os textos escritos pelos autores, se tenham perdido ao longo do tempo, os manuscritos (ou cópias) antigos que dispomos retratam fielmente o que escreveram os escritores sagrados. Segundo quem trabalha na área, o chamado aparato crítico, que se compõe de aproximadamente seis mil manuscritos existentes, tem uma margem de erro de no máximo 2% e, assim mesmo, apenas de forma, e não de conteúdo. Nenhuma outra obra antiga tem a mesma precisão. Ou seja, a Escritura que você tem em mãos reflete com fidelidade o que os autores sagrados escreveram.
Sem abrir mão da ilustração que empregamos na primeira postagem, isso quer dizer que a Escritura é o único ponto de observação confiável, situado em local privilegiado na praça, pelo qual podemos ter a visão que nem todos conseguem por estarem em ângulo onde enxergam apenas um lado em detrimento do todo. Ou nada enxergam. Só a Escritura nos permite conhecer quem é Deus e como ele se relaciona com a humanidade. Só a Escritura nos dá a condição de enxergá-lo "tanto em seu lado ouro, quanto em seu lado prata". Só a Escritura nos assegura uma visão que não distorce a realidade acerca de Deus. Só a Escritura, repita-se para que todos ouçam (ou leiam). Todavia, há pelo menos três pontos que quero considerar no nosso modo de lidar com a Escritura. Vejamos:
Os biblicistas
Em primeiro lugar, chamo a atenção para aquele grupo que denomino de biblicista, não no significado em que o vocábulo está dicionarizado, mas no sentido em que usam e abusam das citações bíblicas sem atentar para a sua exegese e, se de fato, dão suporte aos conceitos que expressam. Há casos em que a cada parágrafo segue-se uma enxurrada de referências, mas quando se vai pesquisar cada uma delas, descobre-se tratar-se de texto isolado, sem nenhuma conexão sequer conceitual com os demais textos citados, ou, em algumas situações, com o intuito de modificar - estreitando ou ampliando - o sentido do texto principal que está sendo objeto de estudo. Esse é um comportamento peculiar de quem chega ao ponto de observação e, ao invés de usá-lo para apreciar a vista, prefere escavar descuidadamente as suas minudências para mostrar aparente conhecimento do lugar e não da visão que ele aponta. Puro orgulho!
Os bibliólatras
Em segundo lugar, neste grupo - os bibliólatras - estão aqueles que valoram a Escritura como objeto de adoração e se esquecem que a sua finalidade é revelar Deus e os seus propósitos. Eles não se comprazem em estudar a Escritura, não se deleitam em mergulhar na amplíssima imensidão que dela se descortina e leva os mais desejosos às profundezas do Deus Altíssimo que quer ter comunhão os seus filhos. Estão no ponto de observação, mas viram as costas para o que ele revela. O seu interesse é tê-lo como simples referência de sua religiosidade, como mero objeto decorativo da opulência religiosa de seu coração ou como mero amuleto que espanta o "mau-olhado". Têm a Bíblia aberta no Salmo 91, no lugar principal da sala de estar, tratam-na com deferência adoradora, mas pouco caso fazem do seu principal objetivo: levar-nos a estarmos espiritualmente prostrados em adoração a Deus.
Os bibliocêntricos
Em terceiro lugar, considero bibliocêntricos aqueles que reconhecem a Escritura em sua finalidade essencial: revelar Deus ao homem. Com isso, quero dizer que todas as suas pressuposições (no sentido filosófico em que o vocábulo é empregado) acerca dos desígnios eternos para a humanidade não partem de qualquer outro lugar, senão da Escritura. Ela é a fonte. Ela é a base. Ela é o belvedere de onde se descortina o Deus da glória, infinito, majestoso e insondável. O Deus que ama congregar-se com o seu povo. O Deus que se fez homem e "habitou entre nós... cheio de graça e de verdade". Quanto mais o contemplamos, mais queremos contemplá-lo. Quanto mais o adoramos, mais queremos adorá-lo. Quanto mais o perscrutamos, mais queremos perscrutá-lo.
O bibliocêntrico pode até, eventualmente, não citar nenhuma referência bíblica, quando escreve ou fala, mas o seu texto ou o seu discurso reflete de ponta a ponta a essência da Escritura. Está repleto da Palavra. E quando cita, não o faz de forma isolada ou simplesmente para modificar conceitos expressos em outras passagens que conflitam com o seu pensamento. Cita de forma consistente com toda a Escritura. O bibliocêntrico valoriza o ponto de observação no mérito que ele tem: ser um ponto de observação. Mas ama, sobretudo, passar horas e horas ali para contemplar a formosura do Senhor - o nosso bem maior.
Em nossa terceira e última postagem da série, falaremos então sobre o que a Escritura, esse ponto de observação por excelência, nos revela acerca de Deus "tanto em seu lado ouro, quanto em seu lado prata".
PS. Leia a nova postagem no blog da Terceira Via: "Desabafo afasta sintomas da sindrome de Elias".
Em segundo lugar, neste grupo - os bibliólatras - estão aqueles que valoram a Escritura como objeto de adoração e se esquecem que a sua finalidade é revelar Deus e os seus propósitos. Eles não se comprazem em estudar a Escritura, não se deleitam em mergulhar na amplíssima imensidão que dela se descortina e leva os mais desejosos às profundezas do Deus Altíssimo que quer ter comunhão os seus filhos. Estão no ponto de observação, mas viram as costas para o que ele revela. O seu interesse é tê-lo como simples referência de sua religiosidade, como mero objeto decorativo da opulência religiosa de seu coração ou como mero amuleto que espanta o "mau-olhado". Têm a Bíblia aberta no Salmo 91, no lugar principal da sala de estar, tratam-na com deferência adoradora, mas pouco caso fazem do seu principal objetivo: levar-nos a estarmos espiritualmente prostrados em adoração a Deus.
Os bibliocêntricos
Em terceiro lugar, considero bibliocêntricos aqueles que reconhecem a Escritura em sua finalidade essencial: revelar Deus ao homem. Com isso, quero dizer que todas as suas pressuposições (no sentido filosófico em que o vocábulo é empregado) acerca dos desígnios eternos para a humanidade não partem de qualquer outro lugar, senão da Escritura. Ela é a fonte. Ela é a base. Ela é o belvedere de onde se descortina o Deus da glória, infinito, majestoso e insondável. O Deus que ama congregar-se com o seu povo. O Deus que se fez homem e "habitou entre nós... cheio de graça e de verdade". Quanto mais o contemplamos, mais queremos contemplá-lo. Quanto mais o adoramos, mais queremos adorá-lo. Quanto mais o perscrutamos, mais queremos perscrutá-lo.
O bibliocêntrico pode até, eventualmente, não citar nenhuma referência bíblica, quando escreve ou fala, mas o seu texto ou o seu discurso reflete de ponta a ponta a essência da Escritura. Está repleto da Palavra. E quando cita, não o faz de forma isolada ou simplesmente para modificar conceitos expressos em outras passagens que conflitam com o seu pensamento. Cita de forma consistente com toda a Escritura. O bibliocêntrico valoriza o ponto de observação no mérito que ele tem: ser um ponto de observação. Mas ama, sobretudo, passar horas e horas ali para contemplar a formosura do Senhor - o nosso bem maior.
Em nossa terceira e última postagem da série, falaremos então sobre o que a Escritura, esse ponto de observação por excelência, nos revela acerca de Deus "tanto em seu lado ouro, quanto em seu lado prata".
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2 comentários:
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Pr. Geremias, a paz!
Mais um texto simples, porém profundo! Além disso faz uma leitura geral sobre o tema proposto. Parabéns!
Abraços
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