domingo, 2 de setembro de 2007

TEÍSMO ABERTO E KENOSIS: OS CONFLITOS DE UMA HERESIA

Como se não bastasse a tentativa de usar os princípios do arminianismo como cortina de fumaça para dar ares de legitimidade às teses do Teísmo Aberto, procurando até ensejar um conflito entre os adeptos daquela corrente e os calvinistas, os defensores do TI trazem agora para a cena do debate a tese da kenosis para com ela defender a idéia de que as intervenções de Deus na história se dão mediante o próprio esvaziamento.

O artifício segue a mesma linha de tentar colocar uma corrente contra a outra, já que em relação à kenosis, no meio evangélico, ocorre a mesma dicotomia que põe arminianistas e calvinistas em lados diferentes quanto à “mecânica” da salvação. Há também, no caso da kenosis, duas correntes distintas que se respeitam e em nada degradam as chamadas doutrinas cardeais da Bíblia Sagrada.

Essas correntes não diminuem a pessoa de Deus e tratam o Cristo humanizado sob duas perspectivas que não lhe subtraem a divindade e ambas convergem num ponto: o Senhor ressurreto e ascendido aos céus possui em si mesmo todos os atributos exclusivos de Deus, quais sejam: onipotência, onipresença, onisciência, transcendentalidade, eternidade, imutabilidade e perfeição. A divergência aparece quando se discute a sua humanidade.

Uma corrente afirma que a kenosis, ou seja, o esvaziamento de Cristo como descrito em Filipenses 2.5-11, implica afirmar que o Senhor, enquanto homem, embora tenha mantido a natureza divina, esvaziou-se de todos os seus atributos. Ele os teria posto de lado para viver nos estritos limites de sua humanidade apenas sob o poder do Espírito Santo. Assim, enquanto esteve na terra, não os teria usado em nenhuma circunstância, embora os tivesse sempre à mão.

A outra corrente, como bem defendeu Silas Daniel em seu blog, pressupõe que “Filipenses 2.7 não está dizendo que Jesus esvaziou-se de seus poderes divinos (ou em relação a eles), mas sim da sua glória, isto é, da sua ‘dignidade divina’; nesse sentido, Jesus ‘tornou-se a si mesmo insignificante’(aqui estou usando duas expressões emprestadas dos teólogos James Packer e Bruce Milne). Jesus se esvaziou de sua glória celeste, não de seus atributos. Os atributos de Jesus continuavam com Ele e em plena atividade. Há muitas passagens nos Evangelhos que provam que seus atributos estavam em plena atividade”.

O que fizeram então os que se alinham ao Teísmo Aberto? Como é constrangedora a pressuposição de que Deus não conhece o futuro e depende da autonomia do homem para construí-lo, negando-lhe com essa afirmação o atributo exclusivo da onisciência, lançaram mão da primeira interpretação da kenosis para afirmar que as intervenções de Deus no Antigo Testamento seguiram os mesmos critérios do esvaziamento de Cristo em sua humanização. Deus “esvaziou-se” de seus atributos, isto é, colocou-os de lado, sem fazer uso deles, em todos os seus atos históricos, nos quais sempre agiu em cooperação com o homem. Assim se explicam as chamadas teofanias no Antigo Testamento. Mas os defensores do TI foram além: ainda hoje Deus age da mesma forma através de Jesus. Veja o que diz Ed René Kivitz em seu blog:

“Creio que Deus conduz a história independentemente de sua kenosis, mas entra na história sempre esvaziado, através de Jesus. Apenas para diferenciar os critérios de relacionamento de Deus com sua criação e suas criaturas, falemos de Deus exaltado (sem kenosis) e do Deus esvaziado, em Jesus (com kenosis). Deus conduz a história desde seu alto e sublime trono, Deus exaltado, mas participa da história em Jesus, o Deus esvaziado. Estes são os sentidos das teofanias: a presença de Deus, em Jesus, no Velho Testamento, antes da encarnação”.¹ Confuso, não? É um Deus ora exaltado, ora esvaziado, que vive numa zona cinzenta, onde parece não saber bem o que quer. Ed René Kivitz conclui então o seu pensamento:

“Quanto tempo será necessário para que os cristãos assumam que o Deus exaltado continua a agir na história como Deus esvaziado? Este é o tempo da afirmação da terceira kenosis: o esvaziamento de Deus para habitar sua igreja”.². Como se vê, inventaram uma primeira kenosis, o Deus esvaziado do Antigo Testamento, e também uma terceira: o Deus esvaziado da presente era do Reino, limitado em sua ação e sempre dependente do homem para construir o futuro.

No entanto, ainda que pudesse ser considerada válida a corrente que defende a kenosis como a descrição de Cristo, enquanto homem, esvaziado de seus atributos, seria ela uma premissa legítima para fundamentar o argumento em defesa da tese do esvaziamento de Deus? Daria ela respaldo a afirmação de que Deus em suas intervenções históricas teria posto de lado os seus atributos, tanto no Antigo Testamento quanto na presente era?

Aos fatos:

1. Quando Cristo se encontrava na cruz, às portas da morte, e exclamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27.46), a quem se dirigia: ao Deus exaltado ou ao Deus esvaziado? Se ele se referisse à última hipótese, não faria sentido tal exclamação!

2. Quando o Senhor, após a ressurreição, declarou aos discípulos: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mateus 28.18), que “todo poder” era esse? Pertencia ao Deus exaltado ou ao Deus esvaziado? Se estivesse se reportando ao último, seria uma declaração ambígua e sem sentido. Afinal, receber “todo o poder” de outrem – o próprio Deus – significa que este não está “esvaziado” e implica ser investido de todos os atributos próprios do poder concedente.

3. Quando a própria passagem de Filipenses 2.7-11 diz que Deus exaltou a Jesus soberanamente, e lhe deu um nome sobre todos os nomes, que Deus era esse: o Deus exaltado ou o Deus esvaziado? Se fosse o Deus esvaziado, que poder teria ele de exaltar outra pessoa de maneira soberana? Tal afirmação soaria ridícula!

4. Ainda sobre a passagem de Filipenses 2.7-11, se Deus exaltou a Jesus soberanamente, estaria ele agora, no trono de sua glória, exaltado ou esvaziado? Se estiver esvaziado, a declaração apostólica de Paulo é então uma farsa e cabe concordar com os teístas abertos, quando afirmam que os autores bíblicos se contradizem. No entanto, essa passagem é coerente com toda a Bíblia que afirma a soberania de Deus e a exaltação de Cristo.

5. Quando o apóstolo João vê o grande trono branco (Apocalipse 20.11), e o Senhor soberano assentado sobre ele, ao final da história, portanto num tempo ainda futuro, trata-se do Deus exaltado ou do Deus esvaziado? Se fosse esse o caso, que autoridade teria ele de julgar os vivos e os mortos de todas as eras? É óbvio que o apóstolo referia-se ao Deus Onipotente, como cantado no “Aleluia de Haendel”, que tem em suas mãos o domínio da história e que, soberanamente, em tempos imemoriais (Apocalipse 13.11), decidiu enviar Jesus ao mundo para prover a redenção dos nossos pecados.

Poderia usar, aqui, outras passagens bíblicas para desconstruir essa falácia, mas essas por enquanto bastam. O fato é que, mesmo considerando válida a primeira interpretação da kenosis, do esvaziamento de Cristo, ela é, ainda assim, uma premissa falsa para fundamentar a tese do esvaziamento de Deus em suas intervenções históricas.

E quando a premissa é falsa, o que se constrói sobre ela também é falso.

¹ www.outraespiritualidade.blogspot.com/2007/06/kenosis.html

² www.outraespiritualidade.blogspot.com/2007/06/kenosis.html

17 comentários:

Casamento Eduarda e Gutierres disse...

A paz do Senhor,

São muitas as tentativas dos teístas abertos para justificar as suas heresias. O deus do teísmo aberto é reflexo do homem, da história que o homem constroi. Não seria esse deus servo do homem? É um deus em evolução? Quanto abominação!
A doutrina da soberania de Deus está sendo atacada como nunca, primeiro com os "deterministas" da confissão positiva, agora pelos teólogos da teologia relacional.
Ao pastor Geremias do Couto e Silas Daniel, continuem a mostrar a falácia dessa teologia.

Carlos Roberto, Pr. disse...

Olá Pastor Geremias!
A Paz do Senhor!
Em primeiro lugar agradeço a sua bondade em visitar e comentar no meu blog.
Para mim é uma grande honra.
Tenho a dizer que entrei para a blogosfera evangélica, inspirado no seu e por seu incentivo.
Confesso que tenho aprendido muito com artigos como esse em tela.
Na realidade, muitas heresias vão entrando em nosso meio, porque falta conhecimento do nosso povo, incluindo-se aí muitos líderes, sobre as origens e autores dessas ervas daninhas.
Que o Senhor continue te dando graça para cumprir seu ministério e ainda achar tempo para nos abençoar com textos educativos através do seu blog.
Eu também RECEEEEBOOOOOO!!!!!!.

Silas Daniel disse...

Pastor e amigo Geremias,

Parabéns pelo excelente texto! Os argumentos são precisos. Sempre achei esse tema muito importante desde que me deparei com ele à primeira vez há mais de 15 anos, lendo o clássico “O Conhecimento de Deus”, do teólogo britânico (radicado no Canadá) James Iaann Packer. Inclusive, quando entrevistei o Packer para a revista “Resposta Fiel” em 2005, uma de minhas perguntas foi justamente sobre os erros da “Teoria de Kenosis”. Quem tem a revista vai se lembrar da brilhante explicação que ele deu sobre o assunto. Foi uma entrevista rica.

Bem, gostaria de aproveitar esse espaço também para explicar melhor minha posição teológica sobre o assunto. Por que não concordo com a “Teoria de Kenosis” (e não só eu, mas muitos teólogos conservadores mundo afora)?

O nascedouro da “Teoria de Kenosis” foi a Teologia Liberal. Quem esboçou essa teoria pela primeira vez foi o bispo Gore em 1889. O motivo de elaborá-la e defendê-la foi para responder aos críticos (teólogos liberais) do século 19 porque Jesus era “ignorante” em relação à autoria do Velho Testamento (já que Jesus afirma que quem escreveu o Pentateuco foi Moisés). Naquela época, os críticos questionavam se Moisés era mesmo o autor do Pentateuco. Gore, então, elaborou a “Teoria de Kenosis” para dizer que Jesus errou porque Ele havia se esvaziado de seus atributos divinos em Sua encarnação, por isso estava sujeito a desconhecimentos, o que é um absurdo, já que os textos de Filipenses 2.7 e 2 Coríntios 8.9 referem-se a um esvaziamento da glória e dignidade divinas. Jesus mesmo explicou isso em João 17.5: “A glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”. Foi dessa glória que Ele se esvaziou na Sua encarnação, e não de seus atributos. Jesus exerceu, por exemplo, sua onisciência e onipresença em vários momentos (Mt 17.27; Lc 22.31-34; Jo 1.47-49; 4.15,29; 11.11-13; 21.17). Aquele que desceu é o mesmo que subiu (Ef 4.10).

Muitas das perguntas que Jesus fez nos Evangelhos como se tivesse dúvidas ou desconhecesse determinadas coisas não significam necessariamente que Ele não soubesse as respostas às perguntas que fazia (por exemplo: perguntar quem os discípulos achavam que Ele era ou o que Bartimeu queria). Alguém duvida que Jesus não soubesse as respostas às perguntas que fez em Lucas 24.17-19,41 (perguntas, inclusive, feitas depois de ter ressuscitado – e depois de ressuscitado Ele proferiu o que está registrado em Mateus 28.18)? Ou alguém duvida que Deus não sabia mesmo onde Adão estava e o que tinha acontecido no Éden (Gn 3.9,11)? Será que quando Jesus perguntava “Quem me tocou?” e “Que queres que te faça?”, Ele não sabia mesmo essas respostas? Será que essas perguntas não eram apenas uma forma de fazer com que a mulher curada do fluxo de sangue se manifestasse e Bartimeu exercitasse a sua fé? E o que dizer da teofania de Gênesis 32, quando aquele Ser pergunta para Jacó “Qual é o teu nome?” (Gn 32.27)? Será que não sabia mesmo ou será que a pergunta tinha sido feita tão somente como um “cerimonial”, por assim dizer da mudança que Deus realizava em Jacó? Todas as perguntas de Jesus tinham um propósito específico, não eram meras perguntas.

O único texto que poderia claramente ser usado para demonstrar um caso concreto de que Jesus limitou o exercício dos seus atributos é o de Marcos 13.32, que traz palavras de Jesus também registradas em Mateus 24.36. O texto diz: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai”. A explicação mais popular desse texto é que Jesus limitou o exercício de Sua onisciência em sua encarnação especificamente no que diz respeito à data e ao horário da Sua Segunda Vinda. Essa explicação é a que parece mais viável, porém há outra explicação para esse texto (e com isso não estou descartando a viabilidade da primeira explicação). O vocábulo grego traduzido em Marcos 13.32 como “saber” pode ser também traduzido como “revelar” ou “fazer conhecido”. Aliás, esse mesmo vocábulo aparece, por exemplo, em 1 Coríntios 2.2 com esse sentido. Logo, o texto estaria dizendo não que Jesus não sabia, mas que não convinha a Ele revelar, nem anjo algum poderia revelar, porque o Pai não havia lhes dado essa prerrogativa.

Lembremo-nos que, segundo Jesus, foi o Pai que estabeleceu a data da Sua Segunda Vinda: “Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder” (At 1.7). Jesus disse isso aos discípulos depois de ressuscitado e após ouvir uma indagação deles sobre quando seria a restauração de Israel (At 1.6), que se dará no final dos tempos, após a Segunda Vinda de Jesus. Curiosamente, foi uma pergunta parecida, cujo objetivo era o mesmo (saber quando seria o final dos tempos), que provocou o Sermão Profético, como podemos ver em Mateus 24.3 e Marcos 13.4.

O Sermão Profético de Jesus, onde Ele afirmou que nem os anjos nem Ele “sabem” a data e o horário da Sua Segunda Vinda, foi provocado por uma pergunta dos discípulos Pedro, Tiago, João e André, que queriam saber quando é que seria a Segunda Vinda de Jesus e o final dos tempos. Ora, Jesus não podia revelar quando seria, nem nenhum anjo pode revelar isso (se um anjo aparecer a alguém hoje “revelando” tal coisa, este é falso), já que (como Ele voltaria a frisar em Atos 1.7) o Pai, que estabelecera a data e o horário, não permitira; porém, Jesus poderia revelar os sinais da proximidade da Sua Segunda Vinda e como seria esse Evento, o que fez.

Jesus não revelaria a data e o horário porque isso provocaria, claro, conseqüências negativas. Já imaginou se todo mundo soubesse quando, exatamente, Jesus voltaria? Mas, além das terríveis conseqüências, Jesus também não poderia revelar, nem anjo algum pode, porque o Pai não permitiu – por razões óbvias e também porque o ofício de Jesus na Terra não incluía tal licença.

João Calvino, em seu comentário sobre Mateus 24.36, afirma: “Eu não tenho dúvida que Jesus aqui se refere ao ofício designado para Ele pelo Pai, como em outra ocasião, quando Ele diz que não esperassem Ele colocar esta ou aquela pessoa à sua direita ou à sua esquerda (Mt 20.23)”. No texto citado por Calvino, Jesus diz: “...mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem meu Pai o tem preparado”. Continua Calvino: “Jesus não está dizendo absolutamente que isso não está no Seu poder, mas o significado era que Ele não tinha sido enviado pelo Pai com essa comissão [autorização, licença]), enquanto Ele vivia entre os mortais”. Mesmo afirmando isso, Calvino não via problema se o vocábulo fosse tomado no sentido de “saber” e não de “fazer saber”, já que Jesus poderia ter restringido o exercício desse conhecimento, mas, após a ressurreição, esse conhecimento não teria sido mais restringido (Mt 28.18; Jo 17.5).

Matthew Henry lembra ainda que a expressão “Filho” se refere à missão de Jesus como Messias, logo, devido às prerrogativas de Sua missão específica, Jesus poderia ter restringido o exercício desse conhecimento.

Enfim, Jesus, voluntariamente, em submissão ao Pai, ou restringiu-se de informar a data e a hora desse Evento (para os que preferem a tradução “fazer saber”, o que é possível no texto) ou restringiu o exercício do seu conhecimento especificamente nesse caso da data e do horário de sua Vinda (para os que preferem a tradução “saber”). No comentário bíblico de Marcos dos teólogos Jamieson, Fausset e Brown, eles lembram que os que pensam a favor da primeira interpretação (a que prefiro, o que não significa que descarto totalmente a segunda opção) são a maioria dos Pais da Igreja (entre eles Crisóstomo), Lutero, Melanchton (e a maioria esmagadora dos teólogos luteranos), Bengel, Lange, Webster e Wilkinson, só para citar os nomes mais conhecidos; e propõem a segunda interpretação nomes célebres como Calvino (mas da forma que mencionei acima, abrindo espaço a favor da primeira interpretação), Grotius, De Wette, Meyer, Fritzsche, Stier, Alford e Alexander. Packer aceita alguma limitação no exercício de alguns atributos específicos, mas com ressalvas. Vai pela linha de Calvino, mas ressaltando que o esvaziamento de Filipenses 2.7 claramente não diz respeito aos atributos divinos (o que, aliás, as duas posições que apresento concordam plenamente).

Portanto, há duas posições sobre a idéia bíblica do esvaziamento e ambas não sustentam as premissas do Teísmo Aberto. Mesmo a idéia radical do “esvaziamento dos atributos” também não serve para apoiar o Teísmo Aberto, como você colocou muito bem. E ao aceitar uma das duas posições apresentadas não descarto a outra totalmente, mas compreendo, pelas razões elencadas resumidamente acima, que uma delas é a mais coerente. Há outras razões além das que apresentei, mas o espaço e o tempo não me permitem expô-las. Pretendo fazer isso em artigo que brevemente será publicado na revista “Resposta Fiel” (no artigo deixarei claro, inclusive, que as duas posições apresentadas são coerentes).

Desculpe ser tão alongado neste meu comentário, mas achei esses detalhes importantes para enriquecer o assunto.

Um abraço e parabéns, mais uma vez, pela abordagem!

Pastor Geremias Couto disse...

Caros Gutierres, Carlos Alberto e Silas Daniel:

Esse é o debate que enriquece! Ele traz claridade ao que se está discutindo e complementa com consistência o que se propôs à "mesa".

Enquanto eu procurei demonstrar que, mesmo a tese da kenosis, isto é, Cristo, enquanto homem, esvaziado de seus atributos, não se sustenta como pressuposto para afirmar o esvaziamento de Deus na hisória, como querem os teístas abertos, o companheiro Silas Daniel traz à luz os argumentos que tornam mais coerente a tese de que Cristo, enquanto homem, esvaziou-se apenas de sua glória, e não dos atributos!

Fica claro, mais uma vez, que nenhuma das duas correntes dá ao Teísmo Aberto base para sustentar a idéia de um Deus esvaziado e limitado em seus atributos.

Abraços e obrigado ela participação!

Silas Daniel disse...

Pastor Geremias,

Eis-me outra vez aqui! Desta vez trata-se apenas de um adendo para que eu não seja mal compreendido pelos que me lêem (creio que fui claro, mas sempre é bom procurar ser o mais claro possível - por isso meus comentários são geralmente um tanto "exaustivos").

É só para explicar porque digo que "prefiro aquela posição mas não descarto a outra". O fato de preferir uma não quer dizer que a outra, preterida, não seja coerente. Eu poderia muito bem dizer apenas que só concordo com uma das duas por achar uma delas mais consistente. Mas não é isso que ocorre comigo. Reconheço que as duas posições que apresentei, na verdade, são coerentes e consistentes (e por isso ambas são aceitas pelos teólogos conservadores - citei, inclusive, o nome de alguns deles).

Ao preferir uma, não descarto a outra. Aliás, já oscilei várias vezes entre uma e outra.

Talvez o fato de já há dois anos estar combatendo as heresias do Teísmo Aberto (que diminuem a divindade) tenha me feito naturalmente preferir mais aquela com a qual simpatizo hoje do que a outra. Mas, não teria problema nenhum se a tradução de Marcos 13.32 falar mesmo de "saber" e não de "fazer saber". As duas posições respeitam a Bíblia, respeitam a coexistência das duas naturezas de Cristo, o que é claro nas Escrituras. Uma, porém, se preocupa mais em salvaguardar um lado (divindade) e a outra em salvarguardar o outro (humanidade), mas as duas são consistentes.

Creio que esclareci o ponto.

Pastor Geremias Couto disse...

Caros Silas;

Está bastante clara a sua posição. Quando digo que o companheiro trouxe argumentos que tornam mais coerente a tese de que Jesus se esvaziou de sua glória, não dos atributos, também não descarto a outra tese, porque eu mesmo, com toda a clareza, oscilo entre ambas, igual a você, com mais propensão, todavia, para a primeira!

Aos que freqüentam o blog, o ponto em foco, repita-se, tanto no meu comentário como nos posts do Silas Daniel, é que nenhuma das duas correntes sustenta as teses do Teísmo Aberto!

Abraços

Silas Daniel disse...

Pastor Geremias,

Se o Teísmo Aberto não tem apoio por nenhum ângulo, seja ele o do (1) esvaziamento apenas da glória ou o do (2) esvaziamento da glória com pequena limitação do exercício de alguns atributos em alguns momentos ou ainda o do (3) esvaziamento de todos os atributos ao pé da letra, radicalmente (para o qual não vejo apoio bíblico algum), como é que esse pessoal ainda sustenta o TA?

Cada vez mais fica claro que, nessa teologia confusa, "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".

Para onde correm para se apoiar, acabam se complicando mais ainda. Isso é o que chamo de beco sem saída teológico. Conseguiram dar um nó em si mesmos.

Unknown disse...

Caro Pastor Geremias do Couto

Seria interessante recomendar aos proponentes da referida "teologia relacional" que lessem a trilogia de Francis Schaeffer: "O Deus que se Revela"; A Morte da Razão; e "O Deus que Intervêm".

A minha recomendação é porque, pelo visto, a Bíblia parece não ser suficientemente clara sobre a Pessoa do Nosso Deus.

Pode até soar como utopia, mas, se os nossos irmãos (proponentes da polêmica do teísmo aberto) têm realmente interesse em discutir o assunto, que aceitem um debate - respeitoso, bíblico e público -, pois só assim podemos, de fato, reparar as diferenças, ambiguidades, arestas ou seja o que for, que os obrigam a querer dar um arranjo racional às intervenções soberanas de Deus.

A tentativa de harmonizar Deus com o pensamento contemporâneo é lamentável e presta um desserviço à fé. Pois a soberania de Deus é insofismável!

A preocupação de alguns em "explicar" as mazelas sociais, as catástrofes naturais e muitos outros males do nosso mundo, valendo-se de um argumento como o discutido, é algo muito frágil e desnecessário, pois a Bíblia é muito clara em Gênesis 3, ao mostrar que a "queda" desestruturou o sistema harmonioso criado pelo Soberano Deus.

Quando lemos a epístola aos Romanos, vemos que Adão era nosso legítimo representante e, como tal, fez a sua triste opção: a rebeldia e desobediência.

Cristo encarnado, o Homem perfeito - tal como Adão quando foi criado - veio para, agora, nos representar e cumprir todo o propósito de Deus, mostrando a necessidade e a possibilidade de sermos obedientes.

Acredito que a Kenosis, pode muito bem ilustrar a nossa discussão: esvaziemo-nos de nossos postulados equivocados, façamos um concílio e discutamos o assunto assim como se requer, pois, nesse debate - se é que os proponentes da teologia relacional se preocupam - o Reino de Deus está perdendo, pois muitos ficam a pensar: "Quem está certo?"

É momento de refletir e levar, ou melhor, submeter todo pensamento ao domínio de Deus e ao escrutínio bíblico, pois, de outro modo, estamos promovendo confusão onde deveria reinar a paz.

Anônimo disse...

Caro Pr. Geremias.

Tenho sempre acompanhado seu blog, que "pesquei" com o link de uma postagem sua no blog Tempora Mores.

Aprecio seu combate pela fé que uma vez foi entregue aos santos. O teísmo aberto é grande aberração teológica.

Fico pensando, como um teólogo do teísmo aberto pode cantar o hino Tu és Fiel? Como alguém que defende tal idéia pode louvar ao Senhor dizendo: Tu és fiel, Senhor, meu Pai celeste,pleno poder aos teus filhos darás. Nunca mudaste, tu nunca faltaste tal como eras, tu sempre serás. Hino 25 – Hinário para o Culto Cristão.

Abraços.

Isaias.

P.S. Sou professor do seu filho André na faculdade de teologia.

Anônimo disse...

Pastor Geremias,

Se o Teísmo Aberto não tem apoio por nenhum ângulo, seja ele o do (1) esvaziamento apenas da glória ou o do (2) esvaziamento da glória com pequena limitação do exercício de alguns atributos em alguns momentos ou ainda o do (3) esvaziamento de todos os atributos ao pé da letra, radicalmente (para o qual não vejo apoio bíblico algum), como é que esse pessoal ainda sustenta o TA?

Cada vez mais fica claro que, nessa teologia confusa, "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".

Para onde correm para se apoiar, acabam se complicando mais ainda. Isso é o que chamo de beco sem saída teológico. Conseguiram dar um nó em si mesmos.

Pastor Geremias Couto disse...

Caros César, Isaías e Silas Daniel:

César, seria excelente, de fato, se os alinhados à tese do Teísmo Aberto aceitassem participar de um encontro para confrontar as suas idéias não com o que diz apenas a ortodoxia, mas sobretudo com Bíblia Sagrada. Todavia, pela forma vitimizada como se posicionam nos debates dos blogs, não acredito que aceitem. Mas fica a sugestão!

Isaías, obrigado pela sua participação. Acredito que realmente não seja fácil para os teístas abertos cantarem "Tu és fiel, Senhor" e tantos outros que exaltam a soberania de Deus.

Que bom saber que o irmão é professor de meu filho aí em Brasília! Espero que ele esteja sendo um bom aluno!

Silas Daniel, Este é o foco. Em meu comentário não pretendi discutir que corrente teria apoio bíblico, mas mostrar que em qualquer dos casos os teístas abertos não encontrariam base para sustentar a tese do esvaziamento de Deus. Como você mesmo afirmou, "conseguiram dar um nó em si mesmos".

Márcio Batista disse...

Prezado Pr Geremias do Couto

Somos da AD de Joinville/SC, sou diretor do Departamento de Comunicação e Coordenador Geral do Departamento Infantil Herança do Senhor de nossa igreja.

Estamos publicando trimestralmente o Jornal Folha Nova [http://folhanova.adjoinville.org.br] e estamos publicando sempre notícias do nosso jornal oficial no Brasil, o Mensageiro da Paz. Parabenizo-o pelos artigos neste blog e deixamos aqui um pedido, podemos utilizar sempre que possível, diante de nossas necessidades alguns de seus artigos aqui publicados?
Grato, em Cristo Jesus.

Ev. Márcio Batista
jornalistamb@gmail.com
www.marciobatista.jor.br

Pastor Geremias Couto disse...

Caro Ev. Marcio Batista:

Muio me honra saber que o irmão freqúenta este blog. Se, de alguma forma, os artigos aqui publicados forem úteis para o jornal de sua igreja, fique à vontade para republicá-los, mencionando apenas a fonte de onde foi extraído.

Aproveito o ensejo para mandar um abraço as companheiros de Joinville, entre eles o nosso amado pastor Arcelino.

Deus lhe abençoe.

Victor Leonardo Barbosa disse...

Olá pastor geremisas, a Paz do Senhor!!!
concordo com sua explicação, antes de tomar todo desse conhecimento( que me foi proporcionado pela revista resposta fiel, onde Packer era entrevistado e depois da leitura do seu livro conheciemnto de Deus), era era simpático a idéuia da kenosis, porém crente que Jesus voltaria a ter seus atributos depois de suas Ressureição, porém atentando para a explicação de Packer e outros milhares de textos bíblicos reparei quessa doutrina não procede e é anti-bíblica.
Abraços e paz do Senhor!!!

Vitor Hugo da Silva - Joinville, SC disse...

A paz do Senhor Jesus Pastor Geremias!

Fico feliz pelo senhor ter permitido ao amado ev. Márcio Batista, em publicar seus artigos deste BLOG aqui em nossa cidade. Que Deus o abençoe grandemente!

Melhor que isto, somente o senhor vindo à nossa cidade para ministrar em nossa Escola Bíblica para Obreiros - EBOJ. Estaremos orando por esta oportunidade!

Vitor Hugo.

Victor Leonardo Barbosa disse...

A questão de Jesusu não saber a hora de sua vinda está mais relacionada ao fato de ele ali estar falando como representante da humanidade, como Filho do Homem, perfeito. Todavia, A expicação de Calvino, por mais que eu não concorde com ela, é meno mal do que o absurdo da teoria Kenosis.
Abraços pastor Geremias ePaz o Senhor!!!

Raphael Ferreira disse...

A paz do Senhor Jesus...
Estava pesquizando a respeito da kenosis, pois algos pregadores e teólogos afirmam que Jesus ainda mesmo sendo um Ser com limitações humanas Ele detinha os atributos de Deus, não compreendi muito bem seu ponto de vista.
O senhor acha que Jesus tinha todos os atributos de Deus em Sua forma humana, pois venho me deparando com essa dúvida freguentemente. e os estudos somente apresentam as teorias que se oposicionam, mas nunca com uma enfase na correta formade relatar a respeito da vida do Senhor Jesus.
Espero que o Senhor possa me ajudar . Deus abençoe. A paz do Senhor.